Na onda dos orgânicos

O mercado de alimentos orgânicos vem se consolidando no país. Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA/CI), indica que essa consolidação em nível nacional envolve tanto a oferta quanto a demanda de alimentos¹. Ao passo que está bastante vinculada à mudança de hábitos alimentares da população, que busca se preocupar com questões de saúde e bem-estar, o número de produtores orgânicos cadastrados ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) também vai crescendo.

E, claro, Floripa não poderia ficar de fora. Aqui, mais do que em qualquer outra capital deste país, o apelo à saudabilidade (em todos os seus aspectos, da alimentação à prática de esportes) prospera e salta aos olhos em cada curva das nossas SCs. A Vigitel de 2014 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, MS), pesquisa realizada anualmente pelo Ministério da Saúde, apontou que Florianópolis é a capital com maior índice de consumo de frutas e hortaliças (35% da população, contra 24,1% da média nacional) e uma das com menores percentuais de ingestão de carnes com excesso de gordura (25,7%, contra 29,4% da média nacional)². Com isso, a alimentação orgânica acaba ganhando adeptos pela redondeza.

Aqui na região eu posso me lembrar de algumas lojas e mercados: A Caminho dos Ventos e o Sacolão da Ponte, ambos na Lagoa, a Casarão e a Flor do Grão, no Campeche e a Grão Mestre, ali no Rio Tavares. Também temos a possibilidade de adquirir nossa comida orgânica nas feiras agroecológicas do Campeche, da Lagoa e da Armação, além de em alguns restaurantes (se tu te lembrares de algum outro estabelecimento, fica à vontade para escrever ali nos comentários). E o mais bacana dessa história toda é que comprando produtos orgânicos certificados estamos incentivando positivamente cada um dos três pilares preconizados em um desenvolvimento sustentável: o ambiental, o social e o econômico.

A produção orgânica e agroecológica, quando reproduzida de forma coerente com seus princípios, é alicerçada no conceito de utilização consciente dos recursos naturais, diminuindo as externalidades negativas relacionadas, principalmente, ao uso de agrotóxicos. Além disso, ela normalmente se faz pelas mãos da agricultura familiar da região, gerando renda e benefícios de natureza social. Para termos uma idéia, estima-se que a comercialização de orgânicos gera por ano mais de R$ 4 milhões somente na região conurbana de Floripa³.

Mas o motivo que me levou a tocar neste assunto é que estamos na Semana dos Alimentos Orgânicos, uma iniciativa da Coordenação de Agroecologia, do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (Coagre/Depros/SDC) do MAPA. Contudo, não vi muita movimentação acerca disso, o que me deixou um tanto frustrado. Tirando algumas palestras no CCA da UFSC, não encontrei nenhum outro evento. Acredito que este seria o melhor momento para CEPAGRO, EPAGRI, ECOVIDA e todos os grupos que produzem e comercializam orgânicos aqui na capital buscarem um maior contato conosco, consumidores. Às vezes falta conhecimento de nossa parte, e seria genial conhecer mais a fundo o lindo e valoroso trabalho de produzir alimento de forma saudável, local e sustentável.

 

REFERÊNCIAS

1. http://sna.agr.br/food-truck-com-organicos-e-alimento-do-futuro-sao-destaques-na-bio-brazil-biofach/

2. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sas/sas-noticias/17469-regiao-sul-e-a-que-mais-consome-frutas-e-hortalicas-no-pais.

3. http://docweb.epagri.sc.gov.br/website_cepa/publicacoes/agriculturaorganica.pdf