Esgoto no Sul da Ilha: Até quando?

Dos 469.690 moradores de Florianópolis (segundo dados do IBGE), o Sul da Ilha não possui uma única rede pública de esgotos. Para piorar, durante a temporada o número da população aumenta ainda mais, e o resultado, infelizmente, todos já notaram qual foi: pelo menos seis pontos de esgoto correndo a céu aberto em direção ao mar. Este resultado foi comprovado pelo laboratório de análises QMC, de Florianópolis, assinado pelo responsável técnico Djan Freitas. Em dois dos pontos, o número de coliformes fecais chegava a estar 230 e 250 vezes acima do limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é de mil unidades por 100 militros de água. 

Em protesto, na manhã do último sábado, 05, a comunidade do Campeche se reuniu em um dos locais contaminados (em frente à Avenida Pequeno Príncipe) para lutar pelos seus direitos e exigir alguma atitude por parte das autoridades. Centenas de vozes fizeram a palavra “vergonha” ecoar pela beira-mar. A primeira medida será tomada pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), que na próxima quarta-feira, 09, inicia um plano para autuar os responsáveis por lançar esgoto na rede pluvial.

Em entrevista concedida à Redação DuCampeche, o Diretor de Fiscalização da Floram, Bruno Palha, informou que sua “equipe esteve presente nas áreas denunciadas verificando o problema, que é muito maior do que parece, está interiorizado”. Como medidas, Palha garantiu que a partir do dia 09 de março, irão fiscalizar o sistema fluvial de estabelecimentos comerciais (pedindo alvarás) e residências, autuando quem for identificado por lançar esgoto na rede pluvial e lacrando-a, se necessário.

“O mínimo que se pode fazer quando não há uma rede pública de tratamento de esgotos é ter uma fossa e um sumidouro na residência”, afirmou Palha, dizendo ainda que é “muito egoísmo da população ligar irregularmente o seu esgoto em uma saída de drenagem pluvial”. Após investigação, que deve durar entre 15 e 20 dias, será enviado um relatório para a Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental.

 

ETE Sul

É, no mínimo, um absurdo ter um local como o Sul da Ilha sem uma rede pública de esgotos em pleno ano de 2016. Segundo o Gerente de Comunicação Social da CASAN, Arley Reis, “a CASAN trabalha com a meta de lançar ainda no primeiro semestre desse ano o edital de licitação do Sistema de Esgotamento Sanitário do Sul da Ilha. A previsão é de um investimento de R$ 65,5 milhões”.

Ainda segundo Reis “só a Estação de Tratamento de Esgotos receberá aproximadamente R$ 40 milhões, e vai tratar o esgoto em nível terciário, que é considerado o sistema mais completo. Esse tipo de tratamento possibilita a remoção de fósforo e de nitrogênio do efluente que será liberado no Rio Tavares. A emissão em excesso desses elementos no ambiente poderia causar o fenômeno chamado de eutrofização, levando ao crescimento excessivo de algas e comprometendo o ambiente aquático”.

Será, então, tratado por esta ETE (que já deveria estar ativa há muito tempo) o esgoto coletado em 56 quilômetros de redes já implantadas no Campeche, e que hoje estão sem operação, no aguardo da unidade de tratamento. Vale lembrar que o esgoto das residências não pode ser ligado a esta tubulação, que já existe, mas que não está ligada à estação de tratamento, ou seja, o esgoto segue inadequadamente para o mar.

A Estação de Tratamento de Esgoto prevista para a construção do Rio Tavares já possui a LAP (Licença Ambiental Prévia), mas tem seu projeto original menor do que o previsto pela CASAN em 2015. No ano passado, o planejamento para a ETE do “Sul da ilha era muito mais amplo, previa atendimento a outros bairros e até 200 quilômetros de redes. Porém, devido a entraves para obtenção das licenças ambientais e falta de entendimento da população, o plano que receberia recursos da Agência Internacional de Cooperação Japonesa (JICA) foi alterado”, afirmou Reis.  

A nós, cidadãos, resta providenciar uma fossa séptica, que são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto (que nada mais é do que uma maneira simples e barata de disposição dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural ou residências isoladas, que, vale lembrar, não é o caso do Sul da Ilha) e um sumidouro.

Também está circulando uma petição online pedindo providências às autoridades. Assine aqui!

 

SES Sul da Ilha/ETE Rio Tavares: Esse é mais um projeto da CASAN para elevar a cobertura de Florianópolis dos atuais 57% para 70% até 2018.

R$ 65,5 milhões somente a 1ª Etapa. Licitação 1º semestre
56 quilômetros de rede, 3 mil ligações

 

 

Da Redação DuCampeche