Moradores do Morro das Pedras denunciam falta de Médicos

A incômoda posição de quem precisa de atendimento foi comunicada à redação do Portal de Notícias DuCampeche, que a partir daí foi buscar informações que expliquem esta inacreditável situação.

Logo de início, percebemos que a Unidade de Saúde Morro das Pedras possui um espaço pequeno de atendimento, e é mal localizado dentro do Bairro.

Três moradores que realizam o curso de formação tecnológica, no programa de inclusão digital do CDI, na ACMP, resolveram colocar em prática seu aprendizado como cidadãos:

“Estamos com falta de médicos há cerca de um ano e meio. Substitutos são convocados, mas não se adaptam e vão embora. A estrutura do Posto é insalubre e as salas de atendimento são precárias. Os funcionários fazem o que podem...”, disse o Sr. Antonio.

Outro morador, o Sr. Moacir, desabafou sua inconformidade em nome dos que buscam ser atendidos por um médico na Unidade de Saúde:

“Precisamos reestabelecer a confiança no Prefeito, que na campanha bradou que se eleito como gestor da Capital do Estado ampliaria ou iria realocar o Posto, mantendo médicos ininterruptamente... Pedimos que o César reflita sobre os que estão sofrendo e vêm até aqui buscar por atenção e socorro médico, mas não os encontram”.

A Unidade foi reinaugurada em 2007, após reforma e ampliação em 100m2 de sua área física, a um custo aproximado de R$ 133 mil. Na ocasião, a Secretaria de Saúde informou que a unidade passaria a contar com dois médicos, número considerado suficiente pela prefeitura para atender à população local, estimada na época em aproximadamente 7,5 mil habitantes.

O Posto, que possui consultório odontológico, sala de vacina e duas salas de enfermagem, não tem capacidade para o atendimento desta demanda. Sua localização é de difícil acesso, e as linhas de ônibus em circulação não chegam aos bairros periféricos, ou seja, até a Unidade de Saúde.

A ausência de médicos, há mais de um mês, faz com que casos específicos sejam reencaminhados para outras unidades vizinhas.

O entrave, segundo a Coordenadora da Unidade, Camile Rocha, é a rotatividade dos médicos:

“Alguns dos médicos que nos atenderam, são também residentes em outras unidades de saúde. Estamos com aproximadamente 600 consultas por mês. Fazemos atendimentos de emergência, mas não somos referência. Encaminhamos para a UPA-Sul, os casos mais graves”, explicou.

O Posto de Saúde conta hoje com apenas um médico, o Dr. Iunio, vindo do programa “Mais Médicos” do Governo Federal, que está atualmente de férias e voltará apenas na segunda quinzena de outubro.

Segundo Sr. Jorge, um dos moradores que acompanhou nossa equipe de reportagem, o médico Cubano é um exemplo de profissional, porém, atende em duas unidades:

“Neste momento temos apenas um médico, o Dr. Lunio, que com apoio de sua equipe nos atendem com acolhimento adequado. Porém, a comunidade cresceu demais, e não há estrutura suficiente para um atendimento eficiente.”

Ouvimos o relato comovente da moradora Rosane Schneider, em busca de atendimento para sua mãe, já idosa:

“Minha mãe apresenta um abscesso no pescoço, estou com os exames em mãos, mas não há médicos. Se algo acontecer, comigo ou com a minha família, teremos que correr para a U.P.A. Aqui não há médicos.”

Segundo a própria Coordenadora do Posto de Saúde, possivelmente na próxima quinta-feira, 15 de outubro, a unidade deve receber uma médica que se interessou em trabalhar no Sul da Ilha. Estamos de olho!

 

Sobre o programa Federal “Mais Médicos”:

  • Possui em sua essência a estratégia de contratação emergencial de médicos, a expansão do número de vagas para os cursos de medicina e residência médica em várias regiões do país. Além da implantação de um novo currículo com uma formação voltada para o atendimento mais humanizado.
  • Em 02 de agosto de 2013, o Prefeito César Souza Junior assinou o decreto nº 11.945, que impede que médicos cubanos atuem sem a revalidação do diploma em instituição no Brasil. O decreto do Prefeito, que abrange também os brasileiros formados no exterior, teve o amparo da Lei Federal 9.304 de 20 de dezembro de 1996, e também na medida provisória nº 621 de 08 de julho de 2013, que exige a legitimação da graduação por uma instituição de âmbito Nacional.
  • Em 05 de setembro de 2013, profissionais Brasileiros já designados para trabalhar na capital catarinense foram redirecionados para outras cidades. O único que já atuava, (justamente no Posto de Saúde do Morro das Pedras) recebeu o comunicado do Ministério da Saúde, informando-lhe que Florianópolis havia sido descredenciada do Programa Federal “Mais Médicos”, tendo, obrigatoriamente, que se deslocar para Tijucas.
  • Porém, através de liminar, o decreto foi suspenso, com intuito de evitar a exclusão definitiva da cidade de Florianópolis no programa nacional, como fora estabelecido pelo Ministério da Saúde. A decisão do prefeito baseou-se no reconhecimento do descumprimento da medida provisória nº621 de 8 de julho de 2013 (lançamento do programa) que dispensa a exigência do teste.
  • A medida tenta garantir o envio dos seis médicos prometidos pelo Governo Federal, que atenderão em postos de saúde comunitários, onde há falta de médicos.

 

Da Redação DuCampeche