Neim Campeche se despede da professora que trouxe a cultura do bairro

Marilza foi responsável por articular muitos projetos na unidade

Descendente de italianos, portugueses e açorianos, Marilza Irene Inácio Schuch, o quinto bebê de 11 filhos de Tito Manoel Inácio e Irene Infância Inácio, já tinha traçado em seu destino o convívio com a comunidade. Nascida no ano de 1965, foi criada no Campeche.

Lembranças da infância e juventude vividas perto do mar percorrem as memórias de Marilza. Brincadeiras nas dunas, passeios pela areia da praia e banhos gelados no rio Noca fazem parte da coleção. Influenciada pelo avô, Manoel Rafael Inácio, morador tradicional do bairro, a auxiliar de sala tornou o bairro parte de sua vida.

Através de uma infância cheia de desafios e descobertas, Marilza esboçou a vontade de trabalhar com crianças. Em 1987, com 22 anos, tornou real o desejo, prestando concurso público para a Prefeitura Municipal de Florianópolis como auxiliar de sala, classificando-se em segundo lugar. Escolheu o NEIM Campeche como seu lar.

A educadora foi presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam) e fomentou iniciativas com o objetivo de resgatar a cultura do bairro, visitando os locais e contando suas histórias, além de desenvolver projetos ambientais por intermédio do Neim Campeche.

Marilza prepara-se para aposentar em janeiro de 2019, após 31 anos de muitas brincadeiras e projetos articulados em prol dos pequenos. Na memória de cada colega e criança ficará marcada a imagem da mulher que sempre estava disposta a reinventar-se no campo da educação infantil, incentivando projetos que mantinham viva a cultura local.

Começo da jornada

Conhecida por articular iniciativas ligadas à cultura do bairro, Marilza estava sempre se reinventando. A profissional elaborou atividades como teatro, música, contação de histórias e poemas, ciranda e integração com as famílias e crianças na unidade.

“Os projetos são desenvolvidos no núcleo de educação infantil com o propósito de estimular as crianças a serem agentes transformadores de direitos e atuantes na sociedade, através da pesquisa do universo brincante que instiga o resgate da cultura de um povo”, explica a auxiliar de sala. 

Junto com outros profissionais do estabelecimento de ensino deram vida ao projeto do boi de mamão. A iniciativa homenageia as personalidades da unidade e do bairro, além de integrar os pequenos de diferentes idades e suas famílias, mantendo viva a cultura da Ilha para os que são daqui e os que chegam.

 “O projeto tinha a digital da Marilza em todas as etapas: foi à costureira das roupas, a confeccionadora dos animais, a letrista das músicas e a cantora do folguedo”, explica a diretora Melissa Weber.

Responsabilidade ambiental

Marilza é uma das responsáveis pela recuperação da Lagoa da Chica. Em 2011, a unidade e a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) tornaram possível a iniciativa.

Mediante o incentivo à consciência ambiental de forma lúdica, foram confeccionados rótulos para colar nas lixeiras da rua e das casas após a separação dos lixos encontrados nas margens da lagoa. A literatura consciente ficou por conta dos gibis produzidos pelas crianças, que abordavam as vivências dos professores e dos pequenos.

Desbravando

Outra atividade proposta pela auxiliar, em 2017, foi o grupo dos Aventureiros e Desbravadores, que entraram em cena com o objetivo de trazer a identidade do bairro para os turistas e futuros moradores, através de passeios pela comunidade contando a história do local.

A saída de campo começou com a visita ao histórico e famoso morro do Lampião. As crianças descobriram que ali foi um local importante para os pousos de aviões da frota francesa. Entenderam também que o nome do morro é uma homenagem aos habitantes que acendiam os lampiões com intuito de clarear e mostrar ao piloto o local de pouso. 
 

Próxima parada

A próxima parada do passeio foi na Ilha do Campeche. Em parceria com Associação dos Barqueiros de Transporte da Praia do Campeche, os pequenos puderam realizar o sonho de conhecer a Ilha. A iniciativa buscava dar narrativa e impulsionar ações desafiadoras, que fomentassem a criação lúdica e real no contato com a natureza e a ampliação do campo de conhecimento e de pesquisa. 

“Os aventureiros desenvolveram um olhar mais atento e construtivo. Eles cuidam e preservam o ecossistema do bairro”, afirma Marilza.

Reconhecimento

O secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, parabeniza e deseja sorte nesta nova jornada. “Marilza, você trouxe a inovação, o carinho e o cuidado para o Neim Campeche. Profissionais como você, tornam a trajetória educacional um marco na vida da garotada”.  

Fim de um ciclo

Na memória de cada colega e criança ficará marcada a imagem da mulher que sempre estava disposta a reinventar-se no campo da Educação Infantil. Para encerrar essa trajetória, eles prepararam um poema para a profissional guardar na caixa das boas memórias.  

Fonte: Prefeitura de Florianópolis.