Durante a 25ª edição da Travessia Ilha do Campeche na manhã deste sábado (11), Juliana Germann, de 43 anos, redescobriu a paixão pelo esporte após mais de duas décadas sem nadar. A atleta decidiu se afastar das piscinas e do mar em 1995, quando já havia conquistado 17 medalhas de ouro nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC).
“Eu fiquei de saco cheio. Não podia nem sentir mais o cheiro do cloro”, afirma. No entanto, Juliana viu na sua reestreia no nado uma experiência inédita, depois de percorrer o trajeto de 1.500 metros entre a Ilha e a Praia do Campeche, “Pela primeira vez na vida eu nadei simplesmente por prazer. Agora eu sei que é possível competir por alegria”, conta. A catarinense conquistou a 15ª posição geral e o 2º lugar na categoria 40-44 anos.
Cerca de 270 pessoas participaram desta edição da travessida, realizada pela academia Sotália Sports há 18 anos. Esportistas de 12 a 74 anos, amadores e profissionais, foram levados à Ilha do Campeche de bote e voltaram à praia a nado. Para o proprietário da academia, Sílvio Murilo dos Santos, 48 anos, a integridade física dos competidores é a prioridade.
“Em 18 anos nós não tivemos nenhum acidente”, comenta. Na edição de 2017, o tempo contribuiu – o vento estava fraco e as ondas se mantiveram pequenas. Em 2016, a competição foi transferida por uma semana por conta do vento forte.
Lucas Kogut, 15 anos, já estava no mar se aquecendo cerca de meia hora antes da largada. De volta à areia, ele esbanjava tranquilidade – algo surpreendente para o jovem atleta que venceu a travessia no ano anterior e que pretende participar das Olimpíadas de 2020. “Não sinto pressão. Estou bem motivado porque faz tempo que não participo de uma competição como essa”, afirma.
Lucas, participante da equipe Clube Doze, estreou na travessia em questão em 2016 e impressinou na época ao realizar o trajeto em 20 minutos e 48 segundos. Apesar de participar da modalidade há quatro anos, a paixão do jovem curitibano é outra. “Meu foco é piscina, mas eu gosto de fazer travessias pra fugir da rotina”.
O Atleta venceu a categoria geral pelo segundo ano consecutivo, com uma vantagem impressionante, quebrando o próprio recorde. O estudante concluiu o trajeto em 19 minutos e 2 segundos, enquanto o segundo colocado, Eduardo Hülse, o fez em 20 minutos e 32 segundos. “O desafio foi chegar certinho no local, que estava bem difícil. Eu mirei em três casinhas para me orientar e graças a Deus fui feliz. Mas ano passado estava um pouco mais fácil”, declara.
A campeã da categoria feminina, Taynara Bonetti, de 19 anos, também comemorou a superação. Em 2016 a atleta acabou a prova aos 26 minutos e 59 segundos, que agora foram reduzidos para 24 minutos e 25 segundos. “Em 2016 eu me perdi um pouco, porque não teve orientação de bóias e havia muita corrente. Este ano foi tudo que eu esperava e consegui aplicar o que eu treinei”, conta.
Experientes no nado
A surfista Barbara Baptista, 70 anos, marca presença na competição desde o começo da década de 2000. “Quando eu comecei a participar havia poucos nadadores e era tudo mais informal”, disse. Segundo ela, hoje a estrutura é um dos diferenciais do evento. Antes de iniciar a prova, Barbara comia uma barra de cereal e torcia para que os alongamentos ajudassem no percurso. “O desafio hoje é terminar a travessia sem câimbra na perna”, brinca.
A surfista nasceu nos Estados Unidos e mora há 40 anos em Florianópolis. Costuma treinar de quatro a cinco vezes por semana durante o verão, sempre no mar ou na Lagoa da Conceição. No inverno, ela vai para a piscina, onde treina de duas a três vezes por semana. “A piscina é só uma substituta. Eu sou mesmo é do mar.”
“Aqui o que conta é o psicológico”, afirma a administradora Carla Barreto, 47 anos, que se preparava para a aventura ao lado do marido, Ricardo, 52, e da filha, Caroline, 16. Apesar de já estar acostumada com o mar, a família participou junta da travessia pela primeira vez neste sábado. A administradora já deu aula de natação e realizou o trajeto em 2014, enquanto Ricardo possui anos de experiência no triátlon. Na manhã de sábado, entretanto, a diversão era a prioridade. “A gente está preocupado em chegar bem, e não com a colocação. A travessia é uma superação com você mesmo”, explica Carla.
Redação DuCampeche